“O fim do mundo da IA chegou para os editores de notícias online.”
É com essa frase dramática que o Wall Street Journal introduz um dos temas mais quentes (e urgentes) do momento: o impacto brutal da Inteligência Artificial generativa no tráfego dos sites de notícias, especialmente a partir das mudanças na experiência de busca promovidas pelo Google.
A transformação é profunda. Com as novas “Visões Gerais de IA” e o “Modo IA” [ainda não disponível no Brasil], o Google deixa de ser apenas um buscador para se tornar um motor de respostas — o que significa, na prática, que usuários obtêm as informações sem precisar, em tese, clicar nos famosos “links azuis”.
Isso tende a reduzir drasticamente a audiência de muitos veículos. Citando o SimilarWeb, a reportagem destaca que o tráfego orgânico do HuffPost e do Washington Post caiu pela metade em três anos. O Business Insider, que teve uma queda de 55% no mesmo período, precisou demitir 21% da equipe.
A resposta dos veículos é diversa, diz o WSJ.
O Atlantic, por exemplo, já trabalha com a hipótese de que o tráfego do Google pode chegar a zero, e está investindo em novos modelos de negócio.
O Washington Post fala em uma “era pós-busca” e adota medidas urgentes para reconquistar o público.
O New York Times viu seu tráfego por busca cair de 44% para 36,5%.
A exceção — ainda que relativa — parece ser o próprio Wall Street Journal, que conseguiu aumentar seu tráfego bruto, embora a fatia relativa das buscas tenha diminuído.
O desafio maior parece recair sobre os sites menores e locais. Com menos recursos para competir ou desenvolver estratégias alternativas, esses veículos podem vir a enfrentar um novo tipo de apagamento digital: o sumiço nos cliques. Ou partir para uma segmentação mais “radicalizada”, digamos assim, focando em temas que possam atrair públicos mais específicos.
Mais perguntas que respostas
Estar como fonte de resposta das IA tanto no Google quanto no ChatGPT pode ser visto como um reconhecimento de autoridade. É uma otimização positiva — até se fala em GEO, o “SEO para IA generativa”, atualizando o “escrever para o Google” para escrever para a IA generativa”. Mas será que essa visibilidade gera tráfego real? O WSJ sugere que não - apoiado pelos dados do SimilarWeb.
A dúvida é pertinente: o usuário clica para conferir a fonte ou se contenta com o resumo gerado pela IA? E para os portais de conteúdo, já é hora de monitorar com lupa mais abrangente a origem dos acessos. Há mudanças acontecendo, e nem todas podem ser visíveis no Analytics.
Falo também por experiência: tenho encontrado meus próprios conteúdos citados pelo Google e ChatGPT com o portal Floripa.com que edito desde março. Fico contente, claro - melhor ver meu texto do que o do concorrente. Mas sigo com um ponto de interrogação: isso está me gerando audiência? É mais uma daquelas situações em que temos mais perguntas do que respostas.
E isso pode nos levar a um cenário onde não basta ser relevante. É preciso ser clicável - e talvez, cada vez mais, ser direto no relacionamento com o público, reforçando estratégias de distribuição de conteúdo com a boa e velha newsletter, quem sabe.
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MAIS SOBRE IA E BUSCAS
Transição
Segundo o Olhar Digital, o Brasil vive uma transição acelerada no uso da Inteligência Artificial como mecanismo de busca, com dados da pesquisa MobileTime/Opinion Box revelando uma mudança expressiva no comportamento dos usuários conectados. Mais da metade dos entrevistados já utilizaram assistentes de IA: 56% testaram o ChatGPT, 52% interagiram com o Meta AI via WhatsApp e 34% com o Gemini, do Google.
A adesão se estende também ao Instagram (17%) e ao Claude, da Anthropic (8%). Trata-se de uma mudança que vai além da curiosidade: redesenha a forma como as pessoas acessam informações e impacta diretamente a visibilidade digital das empresas.
Busca melhor
A OpenAI anunciou, em 13 de junho de 2025, uma atualização na ferramenta de busca do ChatGPT, com foco em melhorar a qualidade e a profundidade das respostas. As melhorias incluem maior inteligência contextual, especialmente em conversas longas, melhor acompanhamento de instruções e a capacidade de realizar múltiplas buscas automaticamente para lidar com perguntas complexas.
Agora também é possível pesquisar usando imagens enviadas pelos usuários. Apesar dos avanços, há limitações conhecidas: respostas podem se tornar mais longas e, em algumas situações, aparecerão explicações desnecessárias em consultas simples — problema que a empresa promete corrigir em breve.
PEQUENO MANIFESTO
IA na rotina, com propósito
Na semana passada recebi uma sondagem para oficina sobre uso do NotebookLM e a pessoa que me contatou quis saber qual seria a minha abordagem. Sempre que me pergunta isso, agradeço. É sempre um estímulo para que eu pense, repense e valide a maneira como uso e como compartilho minha experiência e conhecimento sobre as IAs ao longo desses quase três anos.
A pergunta e a resposta inspiraram o texto abaixo, um pequeno manifesto sobre qual é a minha abordagem nas oficinas e consultorias que presto.
A Inteligência Artificial generativa só faz sentido quando aplicada à realidade de quem a utiliza. E é exatamente assim que conduzo minha abordagem com o ChatGPT e outras ferramentas do tipo. Nada de soluções de prateleira. Nada de fórmulas mágicas. Tudo parte de uma escuta ativa das necessidades e rotinas dos meus clientes.
O foco não está no que a IA pode fazer, mas no que você pode fazer com a IA.
Essa inversão de perspectiva é o ponto de partida e coloca o usuário no centro da conversa. Antes de falar sobre recursos e modelos, busco entender o contexto: objetivos, desafios, oportunidades. A partir disso, apresento possibilidades que façam sentido – mesmo que fujam da “destinação oficial” da ferramenta.
Citando o motivo da sondagem que recebi, se o Google diz que o NotebookLM é voltado para estudos, ótimo. Mas por que não usar a mesma ferramenta para elaborar diagnósticos de marketing ou organizar planejamentos de conteúdo? A criatividade está no uso, não no manual.
Trabalho sempre com uma lógica de mão dupla: ensinar e aprender com a IA. Porque cocriação não é mais um “papo-aranha”, é prática. Cada interação é uma chance de refinar processos, ampliar repertórios e construir soluções sob medida.
A IA é de grande utilidade. Mas o verdadeiro diferencial está no usuário informado, engajado e disposto a experimentar. E como sempre digo, a tecnologia nos trouxe até aqui, mas a nossa conversa é sobre comunicação.
Certamente, alguns dos pontos acima já foram tema de textos aqui na newsletter, mas nunca é demais reforçar a visão. E fica o convite: quer saber mais sobre minhas oficinas e consultorias, mande um Whats.
Por falar em NotebookLM…
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do relatório da Polícia Federal que indicia 36 pessoas no inquérito que apura o esquema de espionagem ilegal com uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em fevereiro, assim que a Procuradoria Geral da República liberou a íntegra da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe, criei um GPT customizado no ChatGPT com o objetivo de facilitar a extração de dados e informações para a produção de conteúdos jornalísticos.
Agora, no caso da ABIN, baixei o documento de 1.200 páginas e também fiz um GPT customizado, mas primeiro fui ao NotebookLM para gerar um pacotão de conteúdos, incluindo perguntas e respostas, linha do tempo, mapa mental e um resumo em áudio focado nos principais pontos do inquérito, os indiciados e a linha do tempo.
Ouça.
ASPAS
Efeito Marisa Maiô
“As eleições de 2022 são uma evidência de que o Brasil ainda não está preparado para lidar com a velocidade da internet como um todo. Quem dirá o uso de Inteligência Artificial cada vez mais sofisticado. Hoje, em 2025, já tem vídeos da nova IA do Google [VEO3], que tem gerado imagens tão impressionantes que, mesmo quando a situação é surreal, a gente olha para aquilo e parece muito real”.
Ergon Cugler, pesquisador de IA & Big Techs, em entrevista para a Agência Pública, ao responder a pergunta se o Brasil está preparado para enfrentar uma campanha eleitoral com a circulação dessas mensagens hiper-realistas geradas por inteligência artificial.
É esquisito
O Fantástico fez a reportagem sobre a Marisa Maiô, mas achou pouco e produziu um quadro inteiro [Fala AI] só com vídeos piadinhas de 8s gerados pelo VEO 3 do Google. O colunista de TV da Folha S.Paulo, Gabriel Vaquer, escreveu um tweet certeiro: “Impressionante o fascínio totalmente fora de propósito do atual comando do Fantástico por IA. Toda semana tem matéria de IA ou algum gracejo com IA. É muito esquisito”.
📎 Assista por sua conta e risco.
MONEY
Trilhão
Bilhão
Aprovação de crédito do BNDES para Inteligência Artificial (IA) chega a R$ 1 bilhão [Agência BNDES]
COMO EU IA DIZENDO…
Há dois anos na agenteGPT
As sugestões de prompts enfatizam bastante o aspecto “assistente pessoal” do ChatGPT e que torna a rotina de trabalho mais ágil e dinâmica. E sobre isso posso atestar que sim, o ChatGPT tem feito enorme diferença na minha autogestão e reduzindo tempo na execução de tarefas como planejamento de conteúdo, resumos, revisões e estruturação de projetos e textos.
Leia: Prompt perfeito e "como ganhar dinheiro com o ChatGPT"
(edição 0014, 20 de junho de 2023)
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Excelente reflexão, Alexandre!