0115 - VEO de guerrilha: a sátira política acelerada pela IA
Quem vem acompanhando as redes sociais nos últimos dias já percebeu: os vídeos criados com Inteligência Artificial, especialmente com o VEO 3, ferramenta de geração de vídeo do Gemini (Google), deixaram de ser só experiência ou brincadeira estética. O “efeito Marisa Maiô” já ficou para trás, e agora a IA entra no campo de batalha digital da política brasileira — com todas as implicações que isso carrega.
O alvo é o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. A motivação? A decisão dele de colocar em pauta a votação do aumento no número de parlamentares e a revogação da taxação do IOF, proposta pelo governo federal.
Diante de críticas em vídeo, feitas com VEO e amplamente divulgadas no Twitter [atual X], Motta teria reagido dizendo que processaria quem publicasse ou compartilhasse esse tipo de conteúdo. O efeito foi o oposto do desejado: os vídeos se multiplicaram.
Entre os temas abordados, estão decisões que afetam diretamente a vida dos brasileiros, como a não votação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e o fim da jornada de trabalho 6x1. Também estão circulando vídeos que explicam quem seria afetado pelo aumenta do IOF e o custo para o país do aumento de 513 para 531 no número deputados.
O conteúdo desses vídeos é direto, irônico e crítico - lembra, em tom e formato, os antigos programas partidários de TV.
A diferença?
Agora são feitos por qualquer pessoa com acesso a uma IA generativa e distribuídos com velocidade e alcance exponenciais, como mostra a reportagem da Folha de S.Paulo.
Pontos centrais
Essa mobilização espontânea reforça dois pontos centrais que já abordamos aqui na agenteGPT — e que têm pautado também minhas palestras e consultorias:
A autonomia que a IA generativa proporciona ao usuário comum.
A decisão sobre como (e com que finalidade) usar essa tecnologia continua sendo do usuário e não da IA.
Os vídeos vêm sendo usados como forma de expressão política e protesto - o que, goste-se ou não, faz parte da democracia. O debate sobre os limites éticos e legais certamente virá. Mas o que já está claro é que a IA generativa entrou de vez no vocabulário da crítica social. E isso parece não ter volta.
Leia também: VEO 3: o vídeo que também fala
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IA E JORNALISMO
Cliques por respostas prontas
A busca por notícias está mudando e rápido. Enquanto o Google perde fôlego, o ChatGPT dispara como nova fonte de informação em tempo real, aponta o relatório The Impact of Generative AI: Publishers, da Similarweb. Os usuários estão trocando os cliques por respostas prontas, contextualizadas e conversacionais. E isso já afeta diretamente o tráfego dos sites jornalísticos.
O relatório analisa dados de tráfego nos EUA entre janeiro de 2024 e maio de 2025. Foram consideradas buscas por notícias em desktop, mobile e apps, com foco no crescimento do uso do ChatGPT, nos temas mais buscados e no impacto sobre os acessos orgânicos dos publishers. Veja os principais insights.
O ChatGPT virou buscador (e rápido)
Buscas por notícias no ChatGPT cresceram 212% entre jan/24 e mai/25.
No mesmo período, buscas semelhantes no Google caíram 5%.
Só entre janeiro e maio de 2025, o uso do app ChatGPT dobrou.
Google perde cliques com IA integrada
Após a estreia dos AI Overviews em maio de 2024, o Google viu as buscas sem clique saltarem de 56% para 69%.
Tráfego orgânico para sites de notícias caiu de 2,3 bilhões para menos de 1,7 bilhão em um ano.
O que os usuários querem saber no ChatGPT?
Os temas com maior crescimento em prompts foram política, Inflação, economia e clima.
Os mais populares ainda são esportes, tempo e mercado financeiro.
Mas o interesse por política e economia acelerou com o uso de IA generativa.
Tráfego vindo do ChatGPT cresce (mas ainda é desigual)
O número de visitas enviadas do ChatGPT para sites de notícias saltou de 1 milhão (jan-mai/24) para 25 milhões (jan-mai/25).
Os maiores beneficiados foram Reuters, NY Post e Business Insider.
CNN e The New York Times aparecem pouco ou estão ausentes, reflexo das restrições ao uso de conteúdo por ferramentas de IA.
BBC testa IA generativa
Após 18 meses de testes internos, a BBC anunciou dois pilotos públicos de uso de IA generativa com o objetivo de avaliar como a tecnologia pode apoiar seus jornalistas, sempre mantendo o controle humano e a transparência com o público.
Resumos ‘At a glance’ (num relance): Inspirado nos hábitos de consumo das novas gerações, o projeto usa IA para criar resumos rápidos e com marcadores de artigos mais longos. A ideia é facilitar o acesso a informações complexas sem comprometer a qualidade editorial. Os jornalistas usam um prompt padronizado para gerar o resumo, que é revisado e editado antes da publicação. A iniciativa será acompanhada de testes de engajamento com leitores.
BBC Style Assist: Essa ferramenta apoia jornalistas na tarefa de adaptar e reformatar conteúdos segundo o estilo editorial da BBC. A IA ajuda, mas quem dá a palavra final ainda são os jornalistas.
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PESQUISA
Brasil conectado à IA
Mais uma vez, uma pesquisa reforça que o uso da Inteligência Artificial já faz parte da rotina de milhões de brasileiros - especialmente no trabalho e na educação. Mas, ao mesmo tempo em que a tecnologia se consolida como ferramenta útil, ela também desperta preocupações. É o que aponta a pesquisa da PiniOn, que ouviu 917 pessoas de todas as regiões e revela hábitos, percepções e receios da população em relação à IA.
Confira os destaques:
1 em cada 3 brasileiros já usa inteligência artificial diariamente.
67% acreditam já ter conversado com uma IA sem perceber.
ChatGPT é a IA mais lembrada pelos entrevistados.
Jovens (18 a 34 anos) usam IA principalmente para fins educacionais.
Adultos (35+ anos) focam o uso em tarefas profissionais.
70% utilizam a IA para tirar dúvidas - mas com baixa eficácia na primeira tentativa.
50% precisam de 2 a 3 prompts para alcançar a resposta desejada.
69% esperam que a IA contribua com análises econômicas e sociais no futuro.
45% temem o distanciamento humano causado pelo uso excessivo da tecnologia.
35% temem ser substituídos ou desvalorizados profissionalmente.
43% dos homens se sentem confortáveis com a IA, contra 33% das mulheres.
Mulheres demonstram maior preocupação com a perda da capacidade crítica.
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IA na academia
O uso da Inteligência Artificial generativa no meio acadêmico ainda é incipiente, mas cresce rapidamente, com foco em tarefas ligadas à escrita, como resumos e verificação de plágio. Segundo uma pesquisa global da editora Wiley, que ouviu quase 5 mil pesquisadores - incluindo 143 brasileiros -, a maioria acredita que a IA vai se disseminar amplamente nos próximos dois anos.
A reportagem da Revista Fapesp diz que, embora a tecnologia já seja considerada superior aos humanos em atividades operacionais, ainda há um consenso de que funções estratégicas, como previsão de tendências e seleção de publicações, devem continuar sob responsabilidade humana. A adoção mais ampla, no entanto, esbarra em preocupações éticas e técnicas, como viés, privacidade e a falta de orientação sobre o uso adequado das ferramentas.
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GPTs customizados na pesquisa acadêmica
No primeiro semestre de 2024, cursei uma disciplina isolada no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Como trabalho final, escrevi o artigo Uso de GPTs Customizados nas pesquisas acadêmicas sobre a história do Jornalismo, que ainda não foi publicado.
Nele, argumento que os GPTs customizados representam uma evolução importante no uso da Inteligência Artificial aplicada à pesquisa científica, indo além do uso genérico da IA. O artigo defende que esses modelos têm alto potencial como assistentes virtuais em investigações acadêmicas, especialmente na área da história do jornalismo, oferecendo apoio em tarefas como análise de discursos, organização de dados históricos, identificação de padrões e geração de hipóteses.
A partir de uma abordagem exploratória, proponho critérios para avaliar a eficácia desses assistentes e discuto os obstáculos que ainda limitam sua adoção, como a falta de diretrizes institucionais, o acesso restrito à versão paga do ChatGPT e o desconhecimento sobre suas funcionalidades - talvez a barreira ainda mais difícil de romper.
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PEQUENAS EMPRESAS…
Realidade
De GPS a Chat GPT: maioria dos pequenos negócios abraça a Inteligência Artificial para aumentar resultados [Agência Sebrae]
Opinião
A revolução silenciosa da Inteligência Artificial está nas microempresas [Startupi]
COMO EU IA DIZENDO…
Há dois anos na agenteGPT
Quem usa o ChatGPT, por exemplo, colocando seus prompts, copiando o resultado e publicando no site, nas redes, no trabalho de escola, no TCC da faculdade, não entendeu nada. Esperto é quem faz de cada prompt uma forma de aprendizado. É o momento de pensar sobre o assunto que deseja uma resposta da IA e que ajuda a validar a qualidade do que é posteriormente apresentado.
Leia: Quem quer encurtar o caminho da aprendizagem?
(edição 0016, 4 de julho de 2023)
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