0086 - Por que ter medo de admitir que usa a Inteligência Artificial?
Monitorar as notícias uso de Inteligência Artificial por empresas e profissionais proporciona momentos curiosos. Muitas as notícias publicadas em sites diferentes acabam de complementando, mas também se contrapondo.
Temos exemplos nas leituras sugeridas nesta edição, mas as que mais chamada minha atenção mostram, de um lado, o efeito positivo da IA nas receitas das empresas e, de outro, o desconforto dos funcionários de admitir que estão usando ferramentas como ChatGPT nas suas tarefas.
Uma coisa é a resistência ao uso da IA, que já tratei na newsletter. Mas outra é usar e ter medir de dizer que usa. Num primeiro momento, o erro está na empresa por não tratar da implementação da IA na rotina com a atenção que o processo merece. E isso inclui protocolos com regras e diretrizes para que todos saibam o que pode ou não ser feito. Isso até elimina, de alguma forma, o medo de ser substituído e de perder relevância que pode estar por trás do receio de admitir que usa IA.
Mas será que esse medo faz sentido?
Vamos por partes. Primeiro, o lado das empresas.
Cifras e atrasos
Os números contam uma história diferente do medo. Segundo o relatório “Reinventando as Operações Empresariais com IA Generativa”, feito pela Accenture, empresas que lideram com IA generativa têm crescimento de receita 2,5 vezes maior, 2,4 vezes mais produtividade e 3,3 vezes mais sucesso em escalar casos de uso da tecnologia do que seus concorrentes. Além disso, 74% das organizações relataram que os investimentos em IA generativa e automação atenderam ou superaram as expectativas.
Tudo muito bom, mas muitas empresas estão atrasadas.
61% relatam que seus ativos de dados não estão prontos para IA generativa;
70% encontram dificuldades para escalar projetos que usam dados proprietários;
82% das empresas em estágios iniciais de maturidade não possuem uma estratégia para reinventar talentos e preparar suas equipes para fluxos de trabalho com IA.
Receio de trapaça
Já sobre o lado dos funcionários, quem ajuda a entender o cenário é um estudo da plataforma Slack, que entrevistou 17,3 mil trabalhadores em 15 países. Nele, 48% dos respondentes relataram desconforto em admitir para seus gestores que utilizam IA para realizar tarefas cotidianas. Entre os motivos estão o receio de parecer preguiçoso, menos competente ou de que a tecnologia seja vista como “trapaça”. No Brasil, esse desconforto é agravado por preocupações com segurança no emprego e substituição por IA.
O estudo também destacou outro aspecto relevante:
78% dos entrevistados afirmam que a IA avança rápido demais para que os esforços de treinamento acompanhem;
7% dos trabalhadores consideram-se especialistas no tema;
30% afirmaram não ter tido nenhum treinamento formal ou autodirigido em IA.
E no final das contas?
Medo de IA [de usar ou de dizer que usa] é, em última análise, medo do desconhecido. Os estudos mostram que o impacto da IA é maior quando usada de forma estratégica, e não pontual. Não se trata de “vencer” a IA, mas de encontrar a harmonia entre nossas habilidades e suas capacidades.
Então, em vez de hesitar, pergunte-se: como você pode integrar a IA ao seu dia a dia para amplificar seu impacto? O primeiro passo é simples: teste, explore e, acima de tudo, deixe o medo para trás.
Fontes das pesquisas: TIInside [Pesquisa aponta que empresas com processos liderados por IA superam as concorrentes] e CanalTech [Funcionários sentem desconforto ao admitir uso de IA no trabalho, mostra estudo].
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EXPANSÃO
🗼 OpenAI em Paris…
A OpenAI anunciou na última sexta (15) a abertura do seu escritório em Paris, o primeiro na Europa e parte de sua estratégia de ampliar sua presença internacional. “Com uma equipe aqui, podemos fazer parcerias estreitas com empresas, instituições e desenvolvedores franceses para ajudá-los a perceber os benefícios da IA”, disse Sam Altman, CEO da OpenAI.
Além de já manter parcerias com organizações, startups e empresas francesas, em setembro, a OpenAI assinou os principais compromissos do Pacto de IA da União Européia, assumindo o compromisso de fornecer tecnologias seguras e de ponta que forneçam valor a todos. A criadora do ChatGPT diz também que “ter uma presença na França também nos permite fortalecer nossa colaboração com o governo francês, garantindo que os benefícios da IA sejam compartilhados de forma ampla e responsável”.
Macron faz graça
A abertura do escritório foi saudada pelo presidente Emmanuel Macron com a publicação de print de uma interação no ChatGPT.
Macron: “OpenAI, seus criadores estão abrindo um escritório em Paris hoje. Bem-vindo! Em uma palavra, por que você escolheu a França?”
ChatGPT: “Excelência.”
O CEO da OpenAI comentou em seguida: “Viva la France”. Mas outros usuários repetiram o prompt de Macron e receberam respostas diferentes...
Testei aqui e a palavra-resposta foi “inspiração”.
📎 Leia mais.
ASPAS
💄 Que beleza
“Ficamos entusiasmados com a parceria com a OpenAI porque queríamos uma versão empresarial do ChatGPT que nos permitisse proteger nosso ativo mais valioso, que são mais de 75 anos de dados.”
Jane Lauder, diretora de dados e vice-presidente executiva de marketing empresarial e membro do conselho de diretores da Estée Lauder Companies, gigante global do mercado de cosméticos, ao comentar o uso do ChatGPT na gestão da empresa.
A ELC adotou o ChatGPT Enterprise para processamento e análise de dados em escala, tornando a IA da OpenAI parte integrante dos fluxos de trabalho da empresa. “São mais de 240 GPTs personalizados que dão aos seus funcionários mais tempo e insights para fazer o que eles fazem de melhor: desenvolver novos produtos e comercializar produtos existentes com precisão, alinhados às tendências emergentes de cuidados com a pele e beleza”, diz o comunicado sobre a parceria.
📎 Leia mais sobre como a empresa usa o ChatGPT.
PARA MONITORAR
👍 Por um lado…
Big techs preparam o próximo passo na Inteligência Artificial: os agentes de IA [Olhar Digital]
👎 Por outro…
IA generativa está à beira de um colapso, alerta especialista [Gizmodo]
EU RI
👉 A IA do Musk entregou o Musk…
A inteligência artificial Grok, desenvolvida em uma iniciativa de Elon Musk, afirmou que o bilionário espalhou desinformação em vários tópicos, incluindo eleições, para sua audiência no X. A resposta começou a circular na rede social na última segunda-feira (11). “As postagens de Musk relacionadas às eleições, que continham alegações enganosas ou falsas, acumularam bilhões de visualizações”, afirmou o Grok, disponível somente para usuários da versão paga do X, em resposta ao usuário Gary Koepnick, que compartilhou o resultado.
Leia a reportagem Inteligência artificial de Elon Musk diz que o bilionário espalhou fake news sobre eleição americana no g1.
COCA-COLA
🎅 “Esse” Papai Noel não existe
O clima de Natal já se faz presente e a Coca-Cola lançou um comercial usando elementos usuais de suas campanhas natalinas [frota de caminhões, Papai Noel clássico, famílias, refrigerantes abertos…], mas 100% criado por Inteligência Artificial.
O vídeo traz o aviso sobre uso de IA e vem recebendo críticas, como o site OneTakeNews:
“Infelizmente, a Coca-Cola decidiu abrir mão do uso da criatividade e do talento humanos e, em vez disso, usou IA para criar o comercial anual de Natal deste ano.”
E outros forma mais diretos e qualificaram a decisão como “patética”, “uma merda e sem vida de qualquer maneira”, “preguiçoso”, “vergonha” e outros termos. Mas teve quem ironizasse as críticas: “Os ursos nos comerciais dos outros Natais eram reais?”.
📎 Leia mais.
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