0116 - A IA faz tudo por você: o ouro de tolo dos novos tempos
Vivemos um momento curioso: enquanto a inteligência artificial generativa avança e se populariza, se multiplicam também os anúncios que vendem a promessa de que a IA pode “fazer tudo por você”. Escrever textos, planejar campanhas, montar apresentações, responder e-mails, criar estratégias. Tudo com um clique, sem esforço, sem conhecimento prévio. Quase mágica.
Nas últimas semanas, o algoritmo do Instagram me entregou pelo menos dois anúncios de cursos para quem quer aprender [que ironia] como a IA faz tudo - tudo mesmo. E que pena que vendam e comprem esse “ouro de tolo”, expressão que se tornou icônica por causa da música de Raul Seixas, lançada em 1973 e que se aplica às promessas dos promotores dos cursos.
Na canção, Raul criticava a ilusão de uma vida pronta, programada, que vendia conforto e sucesso enquanto abafava o questionamento e a consciência. A metáfora continua pertinente: hoje, na ascensão do mercado de IA, o “modelo de felicidade” dá lugar ao “modelo de facilidade”, com a tentação que é parecida: confiar que uma solução pronta e automatizada possa resolver por completo tarefas complexas, criativas e subjetivas. É aí que mora o perigo.
IA como parceira
Esses anúncios distorcem o verdadeiro potencial do ChatGPT, Gemini e outras ferramentas. A IA não substitui o pensamento, a criatividade, o repertório ou a tomada de decisão humana – ela amplia, acelera e potencializa essas capacidades. A IA generativa encurta caminhos, reduz etapas, testa hipóteses e organiza ideias. Mas ela não substitui o processo de pensar, perceber, escolher. Não tem vivência, repertório, intuição ou propósito — atributos exclusivamente humanos que dão sentido àquilo que se produz.
Nas minhas interações, principalmente no ChatGPT, é visível que a IA serve melhor quando entra como parceira: na organização de ideias, na geração de conteúdo com propósito, na prototipagem de soluções, no apoio a pesquisas e na produção criativa. Mas quem define o rumo, refina o uso e interpreta os resultados sou eu.
Por isso, mais do que comprar a ilusão de uma máquina que faz tudo, o ideal é promover uma cultura de interação inteligente e estratégica com a IA. Porque, no fim das contas, o que diferencia um bom uso de IA não é a ferramenta – é o humano por trás do prompt.
Entregar tudo nas mãos da IA é terceirizar não só a tarefa, mas também a autoria. É correr o risco de repetir o óbvio, reforçar o superficial ou reproduzir um senso comum disfarçado de eficiência. Lembre-se: a IA faz com você, não por você. E isso muda tudo. Usar IA com responsabilidade, intenção e inteligência é fazer dela um trampolim, não um sofá.
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VEM AÍ
O navegador da OpenAI está a caminho…
A OpenAI está preparando o lançamento de seu próprio navegador web com tecnologia de IA. A informação é da Reuters, em reportagem publicada nesta quarta-feira (9). A ideia é “simples”: competir diretamente com o Chrome do Google, o navegador mais usado do mundo.
A proposta da OpenAI é integrar o navegador a uma interface como a do próprio ChatGPT, permitindo que agentes de IA executem tarefas diretamente na web, sem que o usuário precise clicar em links ou preencher formulários. A Reuters diz ainda que ex-executivos do próprio Google estão liderando o projeto na OpenAI.
Estamos prontos?
A ideia de um navegador da OpenAI é tudo, menos trivial. Não estamos falando só de uma nova opção entre Chrome, Edge e Safari. Estamos falando de um novo modelo de navegação: assistida, automatizada e com o potencial de colocar os agentes de IA no controle da nossa experiência digital cotidiana - e isso não me empolga.
O Chrome consolidou sua dominância com duas promessas: velocidade e integração com os produtos do Google. Agora a OpenAI ensaia responder com uma nova lógica de valor: interação natural, autonomia e inteligência em tempo real. E, claro, coleta de dados também. Porque se o navegador for mesmo usado por parte dos 500 milhões de usuários semanais do ChatGPT, o acesso ao comportamento digital passará a ser um ativo estratégico da OpenAI.
É uma mudança que mercadologicamente ameaça a hegemonia do Google no jogo dos navegadores, dos buscadores e dos anúncios. Mas é também um alerta para o usuário comum: entender quem tem acesso aos nossos dados e com que propósito será mais importante do que nunca.
📎 Leia a reportagem da Reuters.
FOGUETE OU GOLFINHO?
Efeito VEO?
O gráfico abaixo do SimilarWeb mostra que o tráfego do Gemini do Google acelerou significativamente de janeiro a junho 2025, coincidindo com a liberação do acesso ao VEO 3, seu incrível gerador de vídeos que no Brasil viralizou com a criação de vídeos de humor e de sátira política. A conferir como virá o gráfico no final de julho. Se depender dos brasileiros, a tendência de alta deve continuar. Mas de que forma esse fluxo pode transformar usuários ocasionais em assinantes recorrentes?
IA E JORNALISMO
Uso, impressões e desafios
Um novo levantamento global conduzido pela empresa de comunicação Cision aponta que mais da metade dos jornalistas já utilizam ferramentas de Inteligência Artificial generativa em seu trabalho diário. A pesquisa foi realizada com mais de 3 mil profissionais de 19 países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e China.
Veja os dados principais:
53% dos jornalistas já adotaram IA generativa para acelerar tarefas como pesquisa, transcrição, organização de pautas, sugestões de perguntas e até criação de esboços de textos.
Outros 14% pretendem começar a usar em breve. Em 2024, esse índice era de 47%.
72% relataram erros factuais em conteúdos gerados por IA.
58% criticaram o aumento no volume de conteúdo sem ganho proporcional de qualidade.
54% demonstraram receio com a perda de autenticidade no material produzido..
Em 2025, a IA ocupa o 4º lugar entre as principais dificuldades apontadas pelos profissionais (6º lugar em 2024).
Na assessoria de imprensa, 27% dos jornalistas afirmaram rejeitar totalmente o conteúdo gerado com auxílio de IA.
Outros 29% disseram preferir textos feitos por humanos, mas aceitariam versões bem editadas com apoio de IA.
📎 Acesse a íntegra do relatório State of the Media 2025 da Cision.
Picaretas
Jornal sem jornalismo: plataformas usam IA para burlar direitos autorais de veículos de imprensa [O Globo]
Encrencado
Google enfrenta queixa antitruste na Europa por exibir resumos feitos com IA acima dos sites de notícias [Meia Talks]
ASPAS
Sobre uso de conteúdos
“Precisamos de um equilíbrio entre direitos de propriedade, transparência e responsabilidade para salvaguardar o interesse público, a transferência internacional de tecnologia e o cumprimento das legislações nacionais e do direito internacional aplicável”.
Trecho da declaração conjunta divulgada no encontro dos países do Brics, realizado no dia 6, no Rio de Janeiro, em que ressaltam a preocupação sobre o tema da propriedade intelectual, especialmente dos direitos autorais. A declaração também defende o desenvolvimento da Inteligência Artificial em código aberto, com compartilhamento global de tecnologias e conhecimentos.
📎 Leia mais.
COMO EU IA DIZENDO…
Há um ano na agenteGPT
A participação de todos, com testes e feedbacks, é o que ajuda a calibrar a criação dos melhores prompts e a construção dos GPTs customizados mais eficientes. E é por isso que o comprometimento genuíno de quem será o usuário final precisa ser conquistado para que o potencial da IA generativa seja eficaz e atenda as demandas reais da empresa.
Leia: Como engajar a equipe na implementação do ChatGPT
(edição 0016, 9 de julho de 2024)
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: Lembrando que os usuários da versão grátis podem degustar com limitações os GPTs da GPT Store. Saiba mais.
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Na página do monitorGPT no site da agenteINFORMA, você encontra as informações para a contratação do serviço de gestão e construção de GPTs customizados e consultoria para adoção do ChatGPT e outras IAs na rotina do seu negócio.
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