0117 - Google joga outra isca do VEO 3: quem mordeu e virou usuário do Gemini?
Já falamos por aqui sobre o VEO 3, inclusive com destaque para a viralização de vídeos como os da Marisa Maiô [quem ainda lembra?] e os desdobramentos políticos recentes envolvendo a IA do Google. O que temos agora é um novo uso dessa mesma tecnologia, mas com uma proposta ainda mais direta ao “coração do usuário comum”:
Transformar fotos em pequenos vídeos animados, com som, diálogos [reais ou fictícios], movimento e um toque de mágica generativa.
Funciona assim:
Você sobe uma foto no Gemini, descreve o que quer ver acontecer, e a IA transforma a imagem em um vídeo de até 8 segundos, com áudio e animação. É rápido, divertido, e tem o apelo certo para bombar em grupos de WhatsApp, redes sociais e figurar em matérias sobre “o que a IA está aprontando agora”.
Veja no exemplo: à esquerda, uma foto do Mercado Público de Florianópolis que virou o vídeo no VEO 3 à direita.
Mas essa nova funcionalidade, embora embalada para viralizar, aponta para algo maior: o esforço contínuo do Google para converter visibilidade em base de usuários pagantes - algo que, até aqui, ainda parece longe de acontecer em larga escala.
O desafio de converter curiosos em usuários
Vídeos de 8 segundos criados por IA são legais. E a novidade nem é tão nova assim. A chinesa Kling.ai, já causou comoção com tecnologia parecida e as pessoas viram fotos com parentes já falecidos ganharem...vida.
A dúvida sempre é: quem pagaria para usar especificamente um gerador de vídeo que transforma foto em vídeo?
Essa é a pergunta que o Google precisa que muita gente responda com “sim” - e rápido. Afinal, essa nova função está disponível apenas nos planos pagos do Gemini, que ainda patina para se firmar como alternativa ao ChatGPT no imaginário popular, digamos assim. Mais uma vez, nunca é demais lembrar, o Google demorou para chegar nessa corrida.
E agora, com atualizações do VEIO 3 no Gemini, a empresa parece estar apostando em uma estratégia dupla:
Ganhar atenção com recursos impressionantes (como a geração de vídeo);
Esperar que o encantamento se converta em assinaturas mensais.
Mas esse funil está longe de ser automático. O “uau” não garante o cartão de crédito.
O que falta ao Gemini?
Sejamos justos: na geração de vídeos por IA, o Google avançou algumas casas na comparação com a OpenAI e seu SORA. Mas se olharmos com mais cuidado, o que o Gemini ainda precisa entregar para competir de verdade com o ChatGPT não é mais uma funcionalidade chamativa - é consistência no uso cotidiano.
Hoje, o ChatGPT manda em tarefas práticas e complexa: escrever e-mails, estruturar ideias, revisar textos, gerar código, auxiliar no planejamento de projetos, fazer resumos, criar conteúdo... e a lista continua [vocês podem ver pelo arquivo da newsletter]. A IA da OpenAI virou ferramenta parceira de trabalho para muita gente – minha inclusive.
O Gemini, por outro lado, ainda é percebido mais como vitrine tecnológica do que como parceiro produtivo. Mesmo com integrações promissoras no ecossistema Google (Docs, Gmail, Android), falta ainda uma experiência mais fluida, intuitiva e — principalmente — centralizada em utilidade, não só em espetáculo.
Pessoalmente, tenho certa dificuldade ainda de aderir ao Gemini com tanto tempo de uso do ChatGPT. Muito do que faço com a ferramenta da OpenAI já tentei replicar na do Google e o resultado ficou aquém do esperado. A sensação é sempre de pouca consistência. Um ponto essencial na comparação é a possibilidade de produzir soluções sob medida. Ou seja, ele cria um vínculo funcional. O Gemini, por enquanto, aposta na curiosidade.
Viralizar ajuda, claro. É o que coloca o Gemini nas conversas, nas reportagens e nos vídeos compartilhados. Mas para transformar hype em recorrência, o Google vai precisar ser mais do que uma fábrica de “olha que legal”. Não é?
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DESTACADOS
Novidade no NotebookLM
A partir de agora, o NotebookLM, do Google, oferece “notebooks destacados”, coleções temáticas criadas por especialistas, autores renomados e publicações confiáveis como The Atlantic, The Economist e outros.
São guias interativos sobre temas variados, de Shakespeare à saúde mental e servem para mostra a utilidade da ferramenta aos usuários novatos. Além dos textos, cada notebook destacado vem com um chatbot treinado no conteúdo da coleção, pronto para responder perguntas com referências precisas e os demais recursos da ferramenta.
IA E JORNALISMO
Google Discover agora exibe resumos com IA
O Google iniciou nesta semana, nos Estados Unidos, a exibição de resumos gerados por Inteligência Artificial no feed do Google Discover, disponível nos aplicativos do buscador para Android e iOS. A informação é do TechCrunch e reacende o alerta entre veículos de comunicação sobre o impacto direto no tráfego orgânico dos sites - tema que tem se tornado constante entre os veículos, como destacado aqui na newsletter.
O novo recurso apresenta cards com trechos resumidos de conteúdos noticiosos, acompanhados por um aviso de que o texto foi gerado por IA. Ícones de fontes e um link para o conteúdo original ainda estão presentes, mas a lógica por trás da funcionalidade é oferecer ao usuário uma prévia suficiente para que, muitas vezes, a visita ao site não seja necessária.
Resposta do Google
Em resposta às críticas, segundo o TechCrunch, o Google lançou recentemente a ferramenta “Offerwall”, que permite aos veículos monetizar seus conteúdos com alternativas além dos anúncios, como paywalls, formulários, newsletters e micropagamentos. A reação do mercado, no entanto, teria sido cautelosa e muitos consideram que o movimento chega tarde demais frente ao avanço da IA nas plataformas do próprio Google.
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NOVA REALIDADE
O estilo de escrever artigos do ChatGPT
Um estudo divulgado na revista Science Advances estimou que um em cada sete artigos científicos da área biomédica publicados em 2024 foi escrito ou editado com a ajuda de programas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT. […] se observou uma uma mudança abrupta no vocabulário utilizado nos papers que coincide com o surgimento dos chamados grandes modelos de linguagem, sistemas avançados de inteligência artificial que compreendem e geram textos semelhantes aos produzidos por seres humanos.
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PLANTÃO MÉDICO
Na China
Medicina sem humanos? Conheça o hospital gerido só por IA [Fast Company]
Não é ficção
IA na medicina traz benefícios, mas também riscos para a cognição humana [Público]
ASPAS
O impacto da IA na Psicologia
“É atribuição legítima e dever do CFP posicionar-se diante do uso crescente da IA, em contextos que possam impactar de alguma forma o exercício profissional, propondo assim diretrizes e critérios éticos para a sua adoção. Não se trata de negar o avanço tecnológico, mas de garantir que sua implementação esteja alinhada aos princípios que orientam a Psicologia”.
Trecho da nota de posicionamento do Conselho Federal de Psicologia sobre os impactos e desafios da Inteligência Artificial para o exercício da Psicologia. O documento aborda a integração da IA na prática psicológica e ressalta a necessidade de uma abordagem ética e crítica pelos profissionais da área.
COMO EU IA DIZENDO…
Há um ano na agenteGPT
É preciso ter claro que a cada interação via prompt ou ajuste na instrução do GPT customizado, há uma oportunidade de aprendizado e refinamento - do usuário e da IA. Nunca é demais lembrar que estamos interagindo com uma tecnologia baseada em aprendizado e o sucesso de um GPT não é medido apenas por sua capacidade de responder perguntas, mas de aprender e evoluir como assistente com cada interação.
Leia: Melhoria contínua na interação e na instrução de GPTs: por que adotar essa rotina? [para assinantes pagantes]
(edição 0068, 16 de julho de 2024)
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